Oferecer a outra face, perdoar a quem nos tem ofendido, desculpar 70 x 7. A Bíblia, ensinamentos espirituais, sabedoria milenar e a própria medicina, nos admoestam ao exercício de praticar o perdão. É consenso que quando deixamos de guardar rancores libertamos em primeiro lugar a nós mesmos.

Nos interessa saber que, do ponto de vista fisiológico, o ato de perdoar influencia positivamente nossos mecanismos cerebrais de funcionamento tanto quanto fatores orgânicos. Estudos demonstram largamente o quanto guardar mágoas e rancores afeta negativamente o funcionamento de nossos corpos e a dinâmica de nossas vidas. Literalmente quando não exercitamos o perdão, acabamos por carregar conosco aqueles que nos machucaram. A sensação é a mesma de carregar um pesado fardo representado por ter sempre consigo a memória viva da ofensa perpetrada. Há pessoas que carregam por toda a vida fatos desagradáveis vivenciados no passado e a impressão que trazem é a de que o ocorrido se deu naquele mesmo instante. É uma ferida que jamais cicatriza, permanece aberta e causando dor. Não perdoar é ter como companhia aquela pessoa que causou as feridas, dormir e acordar com o “inimigo”, cultivar a dor na forma da constante recordação da ofensa. Não por acaso diz-se que o rancor é mais fiel/forte que o amor.

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Muitas vezes o ato de guardar mágoas, em grande medida, se relaciona com orgulho ou narcisismo, ou seja, nos consideramos demasiado especiais para sofrer a agressões e deixar para lá. Essa mágoa ou raiva reprimida pode inclusive repercutir em dores físicas, tristezas, limitações para atuação em atividades cotidianas.

A falta de perdão pode fazer a pessoa ficar desconfiada, se fechar para novas relações e oportunidades, não frequentar locais onde possa encontrar quem a ofendeu, desenvolver raiva do mundo e de outras pessoas por sentir-se injustiçada. Portanto, o que se nota, é que muitas vezes a falta de perdão representa uma prisão para a pessoa que não perdoa, prisão essa que em muitos casos, não se aplica a pessoa que cometeu a ofensa.

Perdoar não significa ser bobo, não quer dizer que aceitaremos que outros se aproveitem de nós, antes, exercitar o perdão, significa sobretudo, dar oportunidade a si mesmo de libertar-se, não carregar na cabeça e no coração aquela pessoa que causou a ferida, deixar que a própria vida torne-se mais leve após assimilar o golpe recebido.

Ser humilde e exercitar o perdão não significa ter por perto quem reiteradamente nos ofende, significa liberar a si mesmo e, se for necessário, liberar e afastar-se da pessoa ou situação que causou dor. Exercite o perdão pelo bem de sua saúde emocional, liberte-se.

 

Por: Dr Frederico Félix

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