A perda auditiva é algo natural e esperado dentro do processo de envelhecimento humano, mas isso não significa que alguns hábitos e medidas não possam ser adotados para reduzir o risco da perda de audição ao longo da vida.

Entre as medidas mais simples, estão a vacinação contra algumas doenças e moderar o uso de fones de ouvido, especialmente os intra-auriculares.

Vale lembar que os primeiros sinais da perda auditiva podem ser facilmente identificados, como o hábito de falar mais alto. Outro indicativo é a necessidade de aumentar o volume do computador e da TV para conseguir escutar ou ainda pedir para que repitam que o é falado para você. Neste momento, é hora de procurar um especialista.

Hábitos rotineiros podem colocar em risco a sua audição e, em casos extremos, podem causar a surdez (Imagem: Jcomp/Freepik)
Hábitos rotineiros podem colocar em risco a sua audição e, em casos extremos, podem causar a surdez (Imagem: Jcomp/Freepik)

Casos de surdez no mundo

No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças tenham perda auditiva incapacitante. Em outras palavras, a deficiência auditiva afeta mais de 5% da população mundial. No Brasil, o Ministério da Saúde contabiliza que os surdos constituem 3,2% da população, o que equivale a aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros.

Redução de riscos

Apesar da alta incidência da condição, a OMS explica que “muitas das causas que levam à perda auditiva podem ser evitadas por meio de estratégias de saúde pública e intervenções clínicas implementadas ao longo da vida”. Por exemplo, em crianças, cerca de 60% da perda auditiva se deve a causas evitáveis, ou seja, que podem ser prevenidas através de diferentes medidas, como a vacinação contra algumas doenças.

A seguir, confira 7 hábitos de risco para a sua audição e o que pode ser feito para evitá-los:

1. Muito fone de ouvido

O uso exagerado de fones de ouvido pode causar danos para a audição, principalmente para quem trabalha com este equipamento, como os profissionais do telemarketing. A recomendação é de que o som não ultrapasse os 70 decibéis. De forma mais simples, deve-se evitar que quem está próximo consiga escutar o som no fone.

“Se realmente não tiver jeito de dispensá-los, o ideal é que se utilize pelo menor tempo possível. De preferência, trocando os fones intra-auriculares, isto é, aqueles que são inseridos no ouvido, pelos modelos do tipo concha”, explica Michelle Oliveira, médica otorrinolaringologista pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), para o portal Drauzio Varella.

2. Exposição constante a ruídos

Protetores auriculares devem ser usados pro profissionais que são muito expostos ao barulho (Imagem: Duallogic/Envato Elements)
Protetores auriculares devem ser usados pro profissionais que são muito expostos ao barulho (Imagem: Duallogic/Envato Elements)

De forma geral, a exposição constante a ruídos pode afetar a saúde da audição no longo prazo. Inclusive, algumas classes de profissionais tendem a sofrer mais com este tipo de perda auditiva, como aqueles que trabalham na construção civil, em salões de beleza ou no ramo de festas. A melhor forma de proteção é utilizar, diariamente, protetores auriculares.

3. Uso de “Cotonetes”

Hastes flexíveis não devem ser usadas na limpeza dos ouvidos. “Ao fazer isso, a pessoa está tirando a cera. Essa substância não é sujeira, mas, sim, proteção”, explica a médica Oliveira. Além da remoção da camada de proteção, outro risco é empurrar a cera para dentro e, com isso, perfurar a membrana timpânica, o que pode ter graves consequências para o paciente.

4. Não se vacinar

Vacinas protegem contra doenças que podem provocar surdez, como a caxumba (Imagem: Nearxiii/Freepik)
Vacinas protegem contra doenças que podem provocar surdez, como a caxumba (Imagem: Nearxiii/Freepik)

Pode parecer estranho falar de vacinação enquanto se aponta motivos que podem levar à perda auditiva, mas isso faz todo o sentido. Afinal, algumas doenças podem deixar graves sequelas no paciente, incluindo perda auditiva até a surdez completa. Estes são os casos do sarampo, da rubéola, da caxumba e da meningite, por exemplo.

No Brasil, vacinas contra todas essas doenças estão disponíveis, de forma gratuita, no Sistema Único de Saúde (SUS). Independente disso, nos últimos anos, as taxas de vacinação estão caindo em crianças. Em 2021, a cobertura do imunizante tríplice viral — que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola — caiu novamente e chegou a 71,4%, o que aponta para o risco de surtos e de sérios impactos na vida dos menores.

5. Cuidado com infecções e resfriados

Além das doenças “mais sérias”, algumas gripes e resfriados também podem impactar a audição. Tanto é que costuma ser comum alguém resfriado se queixar de dor de ouvido, por exemplo. Essa relação existe mesmo e pode até ser esperada, já que o nariz tem uma comunicação interna com o ouvido. Isso permite que a inflamação de um chegue até o outro. A parte boa é que, nesses casos, a capacidade auditiva, quando afetada, tende a retornar.

6. Automedicação

Alguns remédios, como antibióticos, podem causar surdez, já que são ototóxicos (Imagem: Nadianb/Envato)
Alguns remédios, como antibióticos, podem causar surdez, já que são ototóxicos (Imagem: Nadianb/Envato)

A automedicação pode ser bastante arriscada para a audição. Isso porque existem alguns medicamentos que são ototóxicos, ou seja, podem causar surdez ou zumbido como efeito colateral, dependendo da dose e da duração do tratamento. Em casos extremos, a pessoa pode provocar a surdez permanente.

A questão é que diferentes remédios podem ser ototóxicos, incluindo algumas formulações consideradas comuns, como antibióticos, remédios para hipertensão arterial e até mesmo a aspirina. Por isso, não se deve fazer tratamentos médicos sem o suporte de um especialista.

7. Tabagismo

Por fim, fumar aumenta o risco de declínio acelerado da audição. Para ser mais preciso, aqueles indivíduos que fumam apresentaram cerca de 1,69 vez mais chances de ter perda auditiva em comparação com não-fumantes, segundo pesquisa da American Medical Association (AMA), publicada na revista científica JAMA.

Além disso, os autores alertam que “participantes não-fumantes, que viviam com um fumante, eram mais propensos a ter perda auditiva do que aqueles que não foram expostos a um membro da família que fumava”.