Conhece-te a ti mesmo”. Assim postulou Sócrates cerca de 400 anos antes de Cristo. Com essa afirmação o filósofo nos exorta a atenção que devemos a tarefa vitalícia de tentarmos compreender quem somos.
Vivemos numa era massificada e produtivista. Trabalho, família, carreira, sonhos, até a própria “felicidade” é propagandeada e “vendida” como um quite que deve ser perseguido e alcançado por todos. Os modelos difundidos de sucesso e alegria se assemelham a pratos prontos ou combos de fast-food; hamburguer, refrigerante e acompanha fritas.
Essa exposição massiva a qual somos submetidos diuturnamente, nos faz involuntariamente acreditar que de fato nossas vidas podem ser pasteurizadas e vividas de acordo com padrões propostos por outros. O problema em comprar esses ideais externos reside no fato de que, tais felicidades vendidas no atacado, não se adequam as distintas realidades e peculiaridades de cada um.
Os sonhos de padrão de felicidade podem ter como modelo uma sociedade de país desenvolvido, por exemplo, mas são propagandeados nos subúrbios de nossa terra, ou seja, são criadas multidões de pessoas almejando férias tropicais, casas suntuosas, carros de luxo, corpos esculturais, que ao se deparem com sua realidade limitada em recursos, se sentirão frustradas por não conseguirem atingir a tal meta de vida que valha a pena.
Não por acaso cresce o número de pessoas que olham para a própria vida e sentem-se inadequadas, incapazes, fracassadas por não conseguirem realizar nas próprias vidas, os “sucessos” ventilados em toda mídia. A realidade vivida por artistas, celebridades e tantos anônimos que povoam as redes sociais, não deveriam ser confundidas com a vida real.
O processo de libertação da imposição de padrões exógenos de felicidade, passa fundamentalmente pelo autoconhecimento, além de diminuição de exposição aos conteúdos que fornecem uma percepção descolada da realidade única de cada um. Com tudo isso pretendo dizer que, aquilo que faz o Brad Pitt feliz, não necessariamente é o que devo buscar para realizar minha felicidade e dar sentido a minha vida. Basicamente pelo fato de que cada um de nós é um ser único e inserido em realidades muito díspares.
A jornada para a felicidade transita pelo mergulho dentro de si. Só nesse local interior é possível encontrar real sentido, calibrar desejos, moldar aspirações, descobrir sonhos.
É necessária uma boa dose de coragem para seguir o próprio rumo ao invés de fazer o que todo mundo faz, querer o que todo mundo quer, vestir o que todo mundo veste, falar o que todo mundo fala….
“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro, desperta.” Carl Jung.