Viramos o ano, e como comentei em publicação anterior, os significados místicos, ou a contagem da passagem do tempo, são meras parametrizações humanas devido a nossa finitude, me refiro a duração ínfima de nossas vidas frente a eternidade do tempo.
Como um movimento contínuo e não sujeito a nossas aspirações, 2022 começa como uma continuação de 2021. Fatos científicos, políticos, epidemiológicos e financeiros, parecem não ter dado muita bola para aquela roupa amarela que você usou na virada do ano. Será que pular as 7 ondas ainda é suficiente?!! A Bíblia nos ensina a perdoar 70×7, talvez seja um número mais adequado de ondas a serem saltadas, tendo em vista as teimosas mazelas que seguem perseguindo os brasileiros. Todos esses problemas deveriam ter ficado em 2021, aquele ano que muitos de nós prefeririam esquecer.
Brincadeiras à parte, também acho uma infelicidade não possuirmos o poder de deixar as coisas desagradáveis para trás as 00:00 hs do 31 de dezembro. Como muitos pragmáticos já alertavam, 2022 traria enormes desafios, talvez maiores do que os de 2021. Acredito que nesse ponto seja o momento exato para dizer aos leitores que não sou pessimista, não torço pelo pior só pra ter razão, já usei muita roupa amarela em viradas de ano, comi romã, pulei ondas. Portanto, me encaixo na média da massa que compõe a nação brasileira. Acontece, entretanto, que certos fatos não podem, ou não deveriam ser negados. Como médico, por dever de ofício, devo estar atualizado diante dos fatos relacionados a pesquisa científica, medicações, tratamentos. Essa atenção à ciência, apuração dos fatos, tomadas de decisão embasadas em estudos confiáveis, extrapola a atuação médica espraiando-se para diversas situações de nossa vida prática.
Já era fato veiculado há um bom tempo que a pandemia não seria erradicada em 2022. Graças ao aumento do número de pessoas vacinadas, houve uma diminuição muito importante no número de internações e óbitos, entretanto, já começaram a surgir os casos de pessoas vacinadas que contraem covid, em sua maioria absoluta apresentam sintomas leves, entretanto voltam a povoar o sistema de saúde. E não estou contando histórias que ouvi dizer, divido com os leitores minha experiência cotidiana.
A despeito de ser contratado como psiquiatra, tenho sido solicitado a atender casos de síndrome gripal, covid, h3n2. Isso se deve ao tamanho da demanda e aumento de casos de infecção por covid. O motivo do aumento dos casos de infecção, mesmo em pessoas vacinadas, é o afrouxamento das medidas preventivas. Voltar as aglomerações, não usar máscara.
Óbvio que estamos exaustos de todas essas medidas preventivas, mas para o vírus isso não faz diferença alguma, ele ainda está presente, surgem novas variantes e uma nova gripe (h3n2) para completar a coisa toda. Eu não gosto de usar máscara, me sufoca, entram fiapinhos nas minhas narinas, enfim quero muito não ter mais que usá-las, porém, mesmo não gostando, uso diariamente, na rua ou no trabalho, pois compreendo que meu gosto nada tem a ver com o aumento enorme da chance de me infectar caso não use a bendita máscara.
Em determinado dia de atendimento ambulatorial, após o reveillon, atendi mais pacientes com covid do que os pacientes agendados para consulta psiquiátrica. O espantoso é que ainda ouço discussões quanto a realização ou não do carnaval e outras festividades que promovem aglomerações. Não vou me atrever a tecer comentários sobre economia pois não é minha especialidade, mas uma coisa é certa, a vida de milhões de brasileiros sofreu uma derrocada trágica devido a tudo que vemos diariamente nos veículos de informação. Inflação alta, combustíveis subindo praticamente toda semana, milhões de pessoas que não conseguem mais fazer compras suficientes para suas famílias, pagar botijão de gás, abastecer o carro, pagar aluguel. Sob ponto de vista pessoal, confesso que já acreditava que 2022 seria complicado, uma espécie de parte 2 de um filme de terror.
Para fechar essa participação sem falar apenas sobre fatos negativos, incentivo a todos que sejam otimistas racionais. Não basta acreditar na vitória, é fundamental trabalhar duro em favor dela. Por hora nosso trabalho é manter uso de máscara, tomar vacina, evitar aglomerações. Desculpe não ter dicas para melhorar vida financeira, janeiro nem chegou na metade, mas já traz suas verdades, assoladoras como um rolo compressor.
Por: Dr Frederico Félix
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