Apesar de ser uma pergunta aparentemente de resposta óbvia para alguns, esse questionamento surge recorrentemente nas consultas e também fora do ambiente da relação médico/psiquiatra x paciente. Ok, para começarmos a elucidação do tema, é fundamental a informação de que os profissionais de cada uma dessas áreas possuem formações diferentes.

O psiquiatra, antes de tornar-se especialista na área, faz faculdade de medicina, ou seja, todo psiquiatra é médico. Prestou vestibular de medicina, foi aprovado, fez os 6 anos de curso em período integral (sim, faculdade de medicina é composta por grade de formação onde o acadêmico tem aulas de manhã e a tarde, não raro também participa de atividades no período noturno), após se formar, sendo diplomado como médico, passa por nova prova para poder cursar residência médica, na especialidade escolhida, no caso, psiquiatria. A residência em psiquiatria tem duração de 3 anos, com possibilidade de um 4º ano de sub especialização em áreas específicas: infância e adolescência, forense, psiquiatria da terceira idade, álcool e drogas, psicoterapia, interconsulta em hospital geral. Também existe a possibilidade do médico recém formado fazer pós-graduação em psiquiatria com duração de 2 anos, com um 3º ano opcional para sub especialização. O médico psiquiatra pode prescrever medicações controladas, entre outras medicações em geral.

Para se tornar um psicólogo(a), o candidato presta vestibular para o curso de psicologia. Uma vez aprovado, fará o curso com duração de 5 anos, em grande parte das faculdades o curso é em período integral, mas existem cursos noturnos. Após a formação, o psicólogo recebe seu diploma com título de bacharel. Existem diversas sub especializações possíveis para o psicólogo(a), incluindo mestrado, doutorado e pós-doutorado, assim como para os médicos(as). Diferentemente do médico, o psicólogo não pode prescrever medicações alopáticas (medicações de farmácia, para simplificar) de qualquer classe; analgésicos, anti-inflamatórios, medicações controladas, psicotrópicos, etc. Muitos psicólogos possuem algum conhecimento em farmacologia e estão habilitados a prescrição de medicações fitoterápicas, florais, remédios a base de produtos naturais.

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Sob meu ponto de vista, nenhuma das profissões é superior a outra, pelo contrário, acredito que ambas sejam complementares e fundamentais para o tratamento de transtornos mentais. Ser médico psiquiatra não significa necessariamente ser mais inteligente ou importante do que o psicólogo. São formações diferentes que visam a mesma finalidade, qual seja, restabelecer a saúde mental dos pacientes. Psiquiatra não é mais importante pelo fato de poder prescrever medicações controladas, etc. Particularmente, tenho imenso prazer em discutir casos com psicólogos, encaminho muitos pacientes para tratamento em conjunto, aprendo muito com os colegas psicólogos. Enfim, segundo o compêndio de psiquiatria, Kaplan & Sadock, livro básico na formação em psiquiatria, é citado que os diversos estudos realizados com pacientes possuidores de transtornos mentais, o resultado da união entre tratamento psiquiátrico e com psicólogo, mostra-se superior em termos de resultados positivos para o paciente, quando comparado a tratamentos isolados, ou seja, só com psiquiatra ou psicólogo.

Portanto, acredito que tenha ficado clara a diferença entre essas fascinantes especialidades, sua equivalência, importância, complementaridade e superioridade do tratamento conjunto.

Por: Dr Frederico Félix