Tem livros que a gente começa sem saber muito bem o que esperar. Foi assim com Em Agosto Nos Vemos. A leitura é leve, os capítulos são curtos, mas existe ali uma profundidade difícil de explicar. Parece simples, mas vai mexendo devagar com a gente.
A história gira em torno de Ana Magdalena, uma mulher casada que, todos os anos, viaja sozinha para uma ilha onde está enterrada sua mãe. Essa viagem acontece sempre em agosto e é nesse cenário meio repetido, meio silencioso, que ela começa a viver pequenas mudanças internas. E, em alguns anos, essas mudanças se tornam grandes.
O livro fala sobre o desejo de uma forma delicada, sem exageros. Sobre o corpo, o tempo, e o quanto a rotina pode esconder vontades que a gente nem percebe mais. Não tem grandes acontecimentos, mas tem muita emoção nos detalhes. É como se cada capítulo nos fizesse olhar com mais atenção para a própria vida.
Gostei especialmente da forma como a personagem vai se permitindo sentir. Mesmo sem fazer grandes discursos, ela vai mudando. E o mais interessante é que essas mudanças acontecem num lugar onde tudo parece igual; a mesma viagem, o mesmo hotel, o mesmo calor de agosto, mas algo dentro dela se transforma a cada ida.
A leitura é rápida, mas não é um livro que se esquece fácil. Fiquei com ele na cabeça por dias, pensando no que a gente deixa de viver por medo, por hábito ou por achar que já é tarde demais.
Se você gosta de histórias que falam da vida real, com suas contradições, desejos escondidos e silêncios cheios de sentido, Em Agosto Nos Vemos é um livro que vale a pena.






