Criatividade e dedicação. É com esses dois substantivos que o ginasta Arthur Zanetti está enfrentando a quarentena em decorrência do novo coronavírus (covid-19). O atleta deu detalhes dos treinamentos nesses dias de isolamento durante live (transmissão ao vivo) na tarde de hoje (4) no Instagram do Time Brasil. “Treino todos os dias aqui em casa. Mas são atividades bem atípicas. Estou improvisando alguns circuitos usando sofá, cama e cadeiras. Mas são coisas básicas. Brasileiro é muito criativo. Isso é fundamental. O importante é não parar. Há umas duas semanas, eu achei uma viga aqui na garagem e vi que era lá que eu ia instalar as minhas argolas. Está dando certo. Mas já vi que a gente perde massa muscular e força física. Então, uso uma cinta e peço também a ajuda da esposa para evitar lesões e respeitar os limites do meu corpo”, conta o atleta.
A pandemia de covid-19 começou a alterar a rotina do multicampeão em 14 de março, quando Zanetti estava em Baku (Azerbaijão) para disputar a final das argolas na Copa do Mundo Ginástica Artística. “As finais seriam no final de semana. Na sexta-feira à noite já estava na cama quando chegou a notícia do cancelamento do restante do campeonato. Naquele momento, fiquei chateado. Sabia que estava muito bem preparado e vinha seguindo muito bem o que tinha previsto com a equipe do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para a Olimpíada de Tóquio. Mas, com o passar do tempo, a coisa começou a piorar e realmente não teríamos condições de competir agora. Adiar a Olimpíada foi a melhor saída. Todo mundo ficou um pouco triste, mas agora é voltar ao foco”.
Durante a conversa na rede social, a médica do esporte do COB Ana Carolina Côrte, que trabalha com Zanetti desde 2013, garantiu que disciplina não vai faltar ao ginasta. “Já são sete anos trabalhando com ele. Sei que o Zanetti é super rígido. E vai chegar bem nos Jogos. A disciplina pode vencer o talento. Mas se der para juntar os dois, como acontece com Zanetti, aí ninguém segura “, garante a doutora.
É o próprio campeão mundial de 2013 que repassa a rotina diária de preparação. “A cabeça e o corpo não param nunca. Segunda-feira é o pior dia da semana. Carga, geralmente, é média, mas como estou voltando da folga do domingo sinto um pouco mais. Na terça-feira, o treino já fica mais forte. Quarta tem trabalho em um período com carga horária menor e intensidade maior do que os outros dias. Nas quintas, o trabalho se divide em ‘séries’ e ‘partes específicas’. Geralmente, as sextas são dedicadas para os ajustes e os sábados para as séries novamente. Terça, quinta e sábado são os dias de treinos mais puxados”, descreve o ginasta.
Aos 30 anos, ele sabe a importância de se aplicar ao máximo nos exercícios preparatórios. “Evita o desgaste. Se estão programadas cinco séries, o importante é fazer essas cinco séries da melhor forma e com a maior efetividade possível, evitando repetições e desgastes desnecessários”, explica Zanetti. A médica Ana Carolina ainda acrescenta: “a ginástica é uma modalidade que tem aparelhos diferentes com demandas corporais muito diferentes. Isso faz com que existam possibilidades de lesões de diversos tipos, da cabeça aos pés. Então, evitar esforços desnecessários é primordial para carreiras mais longas e bem sucedidas”, alerta a especialista.
Classificação para os Jogos de Tóquio
Até o momento, o Brasil tem garantidas as vagas da ginasta Flávia Saraiva no individual geral e da equipe masculina – quatro atletas garantidos, mas ainda sem a definição dos nomes dos ocupantes dessas vagas. Ainda dependendo de definições das novas datas dos torneios, o circuito da Copa do Mundo por aparelhos das duas últimas temporadas (2018/19 e 2019/20) vai distribuir mais 10 vagas para especialistas em cada um dos oito aparelhos da modalidade: serão seis homens e quatro mulheres. Há o limite de um classificado por país em cada gênero. Também sem uma data para ser realizada, a Copa do Mundo de individual geral da temporada de 2020 vai distribuir mais três vagas para homens e três vagas para mulheres. O último caminho para chegar em Tóquio no ano que vem é por meio de participação em campeonatos continentais. Inicialmente previstos para maio, as disputas também aguardam a definição de novas datas por parte das federações locais. Nesses torneios, nove homens e nove mulheres garantirão presença na Olimpíada. Cada continente vai distribuir duas vagas extras em cada gênero com base na final do individual geral, com exceção do Campeonato da Oceania, que só vai ter uma vaga em cada gênero. Há o limite de uma vaga por país em cada gênero, e o ginasta não pode ter disputado o Mundial de 2019 ou 2020.
Fonte: Agência Brasil-EBC