A imagem de uma mulher pálida, olhos esbugalhados (lembra personagem do filme “O Chamado”), cabelos negros, um sorriso um tanto curvilíneo, uma aparência horripilante, a Momo se tornou um viral no aplicativo WhatsApp.
O viral, começou quando um usuário do Facebook publicou que havia recebido uma ligação com o prefixo de celular do Japão. Mas o que chamou mesmo atenção foi a foto que apareceu no perfil do contato. A imagem teria sido criada através de uma foto de uma obra de arte, exposta em uma galeria da exposição Ghost, da Vanilla Gallery, em Tóquio. Realizada em 2016, a obra segue uma linha tradicional à galeria, que une grotesco e erótico – “ero-guro”, segundo uma definição japonesa que mescla as palavras.

A obra que viralizou tem um contexto tipicamente japonês. É a representação de uma famosa lenda do país, onde seres sobrenaturais, perigosos aos humanos, incorporam o espírito de uma mulher que morreu durante o parto. A preocupação com o recém-nascido faz com que a mãe se prenda a esse plano, com a habilidade de se transformar em diferentes formas. A ansiedade quanto ao destino de seus filhos faria com que essas criaturas perambulassem próximo de onde morreram, procurando vivos que a ajudem. A irracionalidade desse medo foi explorada por vários youtubers sul-americanos, em diversos vídeos que rodaram as redes sociais.

Além dos vídeos, circulam também vários posts de pessoas que teriam recebido ameaças da ‘Momo’. Alguns afirmam que ‘Momo’ é um perfil capaz de responder em qualquer idioma àqueles que falarem com ela, outros dizem que ele envia imagens de violência explícita, como imagens de cadáveres, e seria também capaz de descobrir informações sobre quem o chama no WhatsApp, como nome e endereço, tudo isso com objetivo de influenciar crianças e jovens ao suicídio, automutilação, tortura psicológica, algo semelhante ao que acontecia com o jogo “Baleia Azul” e o aplicativo SimSimi.

Os primeiros contatos seriam feitos através de links sobre promoções, campanhas para ganharem prêmios ou até mesmo a aceitação de um novo contato (número desconhecido de pessoas com intenção de aplicar golpes ou simplesmente causar medo em quem está do outro lado). O perigo sobre os links, além de vírus, pode capturar dados do telefone celular ou solicitar informações particulares, o que pode se tornar um problema caso o usuário do aparelho seja uma criança ou adolescente sem as devidas orientações.
Há notícias de pelo menos duas mortes no Brasil, que estão sendo investigadas sob suspeitas de terem sido influenciadas pela ‘Momo”, um menino de 9 anos, em Recife, PE e outro de 12 anos, em Várzea Paulista, SP.
O tal desafio da ‘Momo’ não tem padrão identificado, mas uma das suspeitas é que seriam provas de resistência, para ver quanto tempo o jogador consegue ficar sem respirar, o que estaria levando as vítimas ao sufocamento.

O JORNAL EXPRESSO REGIONAL repudia todo e qualquer tipo de desafio que coloque em risco a saúde e a vida de qualquer pessoa, seja criança, adolescente ou adulto. Ressaltamos a importância de pais, responsáveis pelas crianças e adolescentes estarem atentos aos comportamentos dos mesmos, aos tipos de conteúdo acessados e o tempo em que ficam expostos às redes sociais e internet de modo geral. O diálogo, o companheirismo e o convívio saudável entre os familiares é de extrema importância para desmistificar as figuras por trás dos virais de terror e assim evitar desencadeamento de traumas e fobias.

Além disso essa preocupação com o perigo oferecido por esses virais de internet, deve acender o alarme para a importância da discussão sobre questões como suicídio e depressão infantil, que podem ser desencadeados por vários fatores como dificuldade de interação social, Bullying, abuso infantil, uso de álcool e drogas na família, maus tratos, entre outros. O alerta serve tanto para os pais como para as escolas e educadores, no sentido de orientar e disponibilizar ajuda e apoio para crianças e adolescentes que estejam passando por alguma situação que possa incentivar ou facilitar o suicídio ou qualquer tipo de sofrimento psicológico.

 

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